A nova cara dos transportes


A promessa de desatar o nó logístico tem novo defensor na figura razoavelmente instigante do ex-diretor do Banco do Brasil e ex-governador baiano César Borges – o homem que assume agora o ministério dos Transportes, com o gordo orçamento de R$ 20 bilhões, o maior do governo, e a missão de apresentar rapidamente um plano de avanço acelerado da infraestrutura no País. Borges entra para o time de Dilma na cota de resgate do partido aliado PR, o mesmo que, não faz muito tempo, provocou uma lambança e tanto nos órgãos federais ligados à pasta, especialmente no DNIT. Mas, por seu know-how técnico, sua experiência política e sua disposição para realizar, Borges pode mesmo dar outro rumo a uma das áreas mais vitais – e lamentavelmente atrasada – da economia.

Como uma das primeiras medidas na direção de saídas para os gargalos da infraestrutura, o Governo anunciou, também na semana passada, mais financiamentos às concessões de estradas, portos, ferrovias e aeroportos, além da redução a zero da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) desses projetos de concessão. Há, ainda, a ideia de criação de uma estatal para a infraestrutura. Borges chega, portanto, em boa hora – em um momento de mudanças promissoras. Nos próximos meses estará repleto de tarefas. Sob sua responsabilidade imediata ficará a licitação de 150 terminais portuários e 270 aeroportos regionais, como almeja Dilma. Do lado do empresariado, a expectativa é grande.

A ineficiente malha logística tem gerado prejuízos em cascata e comprometido o esforço de desenvolvimento em negócios cuja excelência brasileira é reconhecida, mas vem sendo maculada por esse entrave. Caso, por exemplo, da agricultura, cuja safra recorde está sendo desperdiçada em virtude da incapacidade do País em escoá-la. Até o mês de março, já eram contabilizados mais de US$ 4 bilhões em perdas de mercadoria e contratos cancelados. Algo inaceitável e que tem se refletido pesadamente na balança comercial. Para se ter uma ideia, há mais de uma década não se via resultado tão ruim da balança como o registrado no último mês. Um quadro dramático que precisa ser revertido de maneira urgente.

Foto: Adriano Machado

Fonte: Adriano Machado