A amplificação traseira e estabilidade dos bitrens e rodotrens


Um dos fenômenos que afetam significativamente a estabilidade de bitrens e rodotrens é a amplificação traseira.

Entende-se por amplificação traseira o aumento do deslocamento lateral da última unidade quando comparado com o deslocamento lateral da unidade tratora durante curvas e manobras evasivas.

Em consequência dessa amplificação, a unidade traseira é submetida acelerações laterais maiores, podendo vir a tombar e levar consigo todo o conjunto.

Em sua dissertação de mestrado, “Avaliação da Estabilidade lateral em Conjuntos de Veículos de Carga”, na PUC-PR 2004, Rubem de Mello Penteado conclui que, de modo geral, o conjunto do tipo bitrem mantem-se relativamente estável nas manobras avaliadas, com uma amplificação lateral pequena comparada com a apresentada pelo tipo rodotrem.

Isso ocorre porque o uso do engate tipo B, ou seja uma segunda quinta roda torna o veículo bastante estável, em relação ao tombamento.

Estudo produzido pelo DOT americano registra:

“Propriedade anti-tombamento é uma característica especial dos engates bitrem. Uma conexão bitrem entre dois rebocados num double cria essencialmente uma combinação semirreboque/semirreboque com dois pontos de articulação no lugar de três. Uma quinta roda normal é usada para acoplar os dois semi-reboques, assegurando assim, significativas forças de combate ao tombamento entre os dois semirreboques.”

“.... a conexão por meio do trem B, entre dois rebocados, elimina efetivamente um ponto de articulação e garante uma grande força de combate ao tombamento para ambos os semirreboques, quando eles giram em sentidos opostos durante uma manobra rápida de mudança de faixa.”

Mello conclui também que, na condição com o 1º Semirreboque vazio e 2º carregado, as acelerações laterais são significativamente maiores em ambos os conjuntos, sendo que o Rodotrem torna-se instável nas manobras avaliadas, levando ao tombamento lateral.

O conjunto Rodotrem, sob determinadas condições de carregamento e velocidade, pode apresentar características de instabilidade, com oscilações crescentes durante as manobras.

Devido à maior instabilidade do conjunto do tipo Rodotrem é recomendável uma redução da velocidade máxima permitida para 60 km/h.

Alterações no projeto como a redução do comprimento da lança de engate entre o dolly e o segundo semirreboque no Rodotrem, influenciam significativamente o resultado da amplificação traseira.

Devido ao fenômeno da amplificação traseira do movimento é recomendável que os motoristas desses conjuntos recebam treinamento específico para evitar as manobras que tornam esse fenômeno significativo.

As transportadoras devem ser orientadas de modo a não utilizar os conjuntos com carga somente na última unidade.

É recomendável que as autoridades de trânsito ou concessionárias de rodovias analisem os projetos das vias existentes e as normas de construções das novas identificando os pontos críticos para as CVCs, a fim de sinalizá-los adequadamente reduzindo a possibilidade de acidentes.

Neuto Gonçalves dos Reis - Diretor Técnico Executivo da NTC&Logística, membro da Câmara Temática de Assuntos Veiculares do CONTRAN e presidente da 24ª. JARI do DER-SP.