2017: O ano da transição
O ano de 2016 chegou ao fim com destaques negativos e positivos na economia, a começar pela grande retração do PIB, prevista em -3,39% pela pesquisa FOCUS do Banco Central. Como em 2015, a retração há havia sido de 3,80% em 2014, o país não havia crescido, abriu-se um “buraco” de 7,2% na economia (tabela).
Este resultado foi puxado principalmente pela indústria, que recuou 8,10% em 2015 e 7,20% em 2016; e pela produção de grãos, que, apesar de ter subido 7,71% em 2015, caiu 12,30% em 2016.
Um ponto positivo foi o saldo da balança comercial, que aumentou de US$ 19,70 bilhões em 2015 para US$ 47,70 bilhões em 2016. Da mesma forma, a inflação, medida pelo IPCA, fechou 2015 em 10,67, mas promete cair para 6,58% em 2016. Esta queda abriu espaço para a redução da taxa Selic, que foi cortada em 0,5 ponto percentual no final de 2016, passando de 14,25% para 13,25%.
Houve recuo também na taxa de câmbio, de R$ 3,91 no final de 2015 para R$ 3,28 no final de 2017.
As expectativas indicam que 2017 poderá ser o ano da transição entre uma economia em declínio para uma economia em fase de recuperação. O crescimento real só virá depois de se tampar o “buraco” de 7,2%.
As previsões da FOCUS para o PIB não vão além de 0,5% de elevação, o que já será um grande avanço em relação aos resultados catastróficos dos últimos dois anos.
Esta recuperação poderá ser puxada por um grande aumento (14,3%) da produção de grãos, que atingirá, segundo previsões do IBGE, 210,1 milhões de toneladas, superando ligeiramente os níveis de 2015 (209,6 milhões de toneladas).
Espera-se também ligeira recuperação da indústria (0,88%) e a manutenção do saldo da balança comercial.
Uma previsão auspiciosa é da queda a inflação para 4,87%, situando-se, depois de três anos de rebeldia, dentro da margem de tolerância. Isso deverá permitir a redução da Selic para 10,25%, enquanto a taxa de câmbio tenderá a manter-se estável.
Para o setor de transporte rodoviário, apesar da tendência de se utilizar cada vez mais o caminho do arco norte, via Miritituba e Rio Tapajós, uma boa safra é sempre sinônimo de menos ociosidade para seus caminhões. Pena que os fretes neste setor sejam ditados por algumas poucas e poderosas trading companies.
No segmento industrial, cujo crescimento será pequeno, o aumento do volume de transportes promete não ser tão acentuado. De qualquer maneira, como o transporte sempre avança mais do que o PIB, não seria exagero prever-se um crescimento para o setor de transportes na faixa de 1,0% a 1,5%.
Neuto Gonçalves dos Reis - Diretor Técnico Executivo da NTC&Logística, membro da Câmara Temática de Assuntos Veiculares do CONTRAN e presidente da 24ª. JARI do DER-SP.