Paralisação da mineração traz prejuízos a Minas Gerais



Estudo da FIEMG mostra que cenário de paralisação no setor afeta gravemente a sociedade mineira

O PIB mineiro pode fechar 2019 com recuo de 4% com a perda de 851 mil empregos. A estimativa está em um estudo que a Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) acaba de lançar, no qual analisa os efeitos da paralisação das atividades minerárias no estado. O trabalho considera três diferentes cenários no horizonte de três anos (2019-2021): “pessimista”, com a interrupção de 70% das atividades do setor, “otimista”, com a retomada gradual da mineração, e “atual”, marcado pela paralisação de aproximadamente 50% da produção minerária estimada para 2019. A atividade em algumas minas no estado foi interrompida após o rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro.

O cenário atual é de queda de 90 milhões de toneladas na produção de minério de ferro no estado. Caso esse nível de paralisação parcial da mineração continue até o fim de 2019, um dos reflexos é o recuo na projeção de crescimento do PIB mineiro que, no fim de dezembro de 2018 era de 3,3% e, em março deste ano, caiu para 0,8%. Essa revisão contempla os recuos de produção, de massa salarial e as perdas de exportações, de arrecadação tributária e de empregos na atividade minerária e em sua cadeia de fornecedores. “Tínhamos previsto um crescimento vigoroso para 2019. Os efeitos sobre a economia e sobre a vida da população serão enormes”, afirma Flávio Roscoe, presidente da FIEMG.

Com o recuo da produção de minério de ferro, outro risco apontado pelo estudo é a falta de matéria-prima em outros setores da indústria. “Pode ocorrer a ruptura de abastecimento para as empresas, impactando os fabricantes de peças automotivas, de autopeças e fabricantes da linha branca”, aponta o líder empresarial. “A produção de minério no estado estimada para esse ano era de aproximadamente 190 milhões de toneladas. Somente a região Sudeste demanda cerca de 100 milhões de toneladas. Já não existe minério de ferro suficiente para atender a metalurgia e a siderurgia com o mesmo custo e logística anterior ao acidente de Brumadinho”, afirma Roscoe.

Os impactos negativos dos cenários em estudo não são apenas para a indústria. Na cadeia de fornecedores da mineração, os setores mais afetados seriam o de comércio, transportes terrestres e armazenamento, construção, serviços financeiros e energia. De acordo com as estimativas da FIEMG, a descontinuidade da atividade de extração minerária em Minas Gerais até o final do ano pode levar a um corte de mais de 100 mil postos de trabalho em 2019 no setor. Se for levada em consideração a queda de produção de segmentos que dependem direta ou indiretamente do minério como insumo – siderurgia, metalurgia, automotivo, equipamentos elétricos, entre outros –, o número de desempregados pode subir para quase 900 mil em todo o estado no período de 12 meses, levando à contração do PIB de Minas Gerais.

De acordo com o estudo, a atividade de transporte e armazenamento é uma das mais afetada com a redução de 11,36% em postos de trabalho.

“Seria uma tragédia para Minas Gerais, que já está combalida após três anos de crise. Nós, mineiros, dependemos da mineração há mais de três séculos e temos hoje 1,7 milhão de pessoas que vivem diretamente e indiretamente da atividade mineradora”, afirma o presidente da FIEMG.

O objetivo do estudo é mostrar para a sociedade a importância da mineração e como a paralisação do setor pode impactar o estado, econômica e socialmente. “A mineração deve ser preservada, sem perder a segurança, tomando todas as precauções necessárias”, afirma. Segundo ele, algumas medidas, que foram tomadas no calor do momento após a tragédia de Brumadinho, precisam ser ajustadas. “Elas não agregam segurança e trazem malefícios para a economia, impactando negativamente os postos de trabalho e também a arrecadação pública”, garante Roscoe.

Para o líder empresarial, o setor extrativo mineral está consciente dos desafios impostos por esse novo momento e está implementando medidas de segurança, para que a produção possa retornar sem riscos. “A lei foi alterada e barragens a montante estão banidas de nosso estado. Entretanto, precisa-se de um tempo adequado para a retirada total dos seus conteúdos, pois são volumes grandes”, esclarece. “É possível fazer mineração com segurança e sem os riscos que levaram ao rompimento da barragem de Brumadinho. Estamos trabalhando para isso”, afirma Roscoe.

Fonte: site Fiemg