Objetivo é lutar pela duplicação.

A dificuldade em conseguir uma solução para a BR-381, que teve seu último edital de duplicação cancelado recentemente, levou a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) a criar o movimento "Nova 381". A iniciativa é da regional da Fiemg no Vale do Aço e visa esclarecer a população, através de um portal informativo, sobre o projeto, além de mostrar os prejuízos econômicos decorrentes da falta de infraestrutura em uma das principais rodovias que cortam o Estado.

"Fizemos no ano passado uma agenda de convergência entre as principais federações do Estado, onde ficou evidente que a prioridade para a economia do Leste de Minas está relacionada à duplicação da BR-381 de Belo Horizonte a Governador Valadares. Sem logística, não adianta tentar atrair investimentos", explicou o presidente da regional da Fiemg no Vale do Aço e coordenador do movimento, Luciano Araújo.

Diante dessa realidade, a Fiemg decidiu criar o movimento "Nova 381", que consiste, principalmente, em um site para levar informações sobre a estrada para a população. A página (www.nova381.org.br) entra no ar hoje.

"Vai estar tudo concentrado no site. Estamos mapeando todas as demandas relacionadas à duplicação da rodovia e vamos chegar a um valor total do prejuízo causado pelo descaso do poder público em relação à BR-381", disse.

Araújo explicou que cálculos já realizados mostraram que hoje são necessários cerca de R$ 4 bilhões em investimentos para a duplicação do techo. Mas a falta de melhoria na infraestrutura da rodovia ao longo da história já ultrapassou e muito este valor. "Somente em 2011, foram 1.485 acidentes, que, segundo nossos cálculos levou a um prejuízo de R$ 204 milhões", ressaltou.

O coordenador do projeto disse, ainda, que o movimento também quer descobrir quais as principais dificuldades das construtoras relacionadas com a duplicação. "Precisamos saber por que existe tanta resistência aos editais", destacou. Para ele, somente com uma forte pressão da sociedade sobre o poder público irá conseguir uma solução efetiva para o problema. "Para isso estamos lançando o site".

Defasagem - Segundo avaliação do secretário Nacional de Política de Transportes do Ministério do Transportes (MT), Marcelo Perrupato, os atrasos e dificuldades ocorridas em relação a projetos de duplicação de rodovias, como o da BR-381, ocorreram em função da defasagem dos editais publicados pelo governo federal.

Segundo Perrupato, os documentos que deram início às concorrências para implementação dos projetos das rodovias mineiras eram antigos, não em suas elaborações, mas em suas concepções.

"A concepção destes projetos não atentou para a atual visão do Brasil com relação ao mundo. Estamos em pleno século 21 e algumas ações tanto do setor público, quanto do setor privado, ainda mostram atraso", afirmou.

Conforme já noticiado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, as construtoras que questionaram o edital de duplicação da BR-381 no trecho junto ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) argumentam que não há o detalhamento necessário sobre a execução da obra, o que é fundamental em se tratando de uma rodovia com traçado diferenciado, cheio de curvas, como é o caso da BR-381. Sem esse detalhamento e o fato de os contratos estarem enquadrados no Regime de Contratação Diferenciada - ou seja, preço fechado, sem acréscimos do valor ao longo da obra - as construtoras temem grandes prejuízos.

A expectativa é que um novo edital, atualizado, seja lançado no próximo dia 28.

Foto: Alisson J. Silva

Fonte: Jornal Diário do Comércio