Fetcemg esclarece sobre repercussão da tabela de fretes no preço de medicamentos


A edição do dia 14 de agosto do jornal Valor Econômico publicou a matéria MP do Frete põe em risco transporte de medicamentos, colocando informações sobre valores do frete que não correspondem à realidade dos preços estabelecidos pela tabela de frete mínimo instituida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). 

A Fetcemg, atenta à veracidade técnica das informações, prestou esclarecimentos ao jornal em um trabalho realizado pelo seu vice-presidente, Vander Costa.

Esclarecimentos:

A reportagem traz informações que conflitam com a realidade do ocorre no setor e, enquanto entidade de classe representativa dos transportadores rodoviários de carga de Minas Gerais, a Fetcemg tem o dever de esclarecer sobre os fatos relacionados ao transporte, principalmente em tempos em que é preciso diferenciar fatos de fakes.

Informa o texto: “Tabelado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o preço médio de um galão de cinco litros de concentrado usado em sessões de hemodiálise é de R$ 10,07, enquanto o valor do frete para municípios de Norte, Nordeste e Centro Oeste chega a R$ 14”.

É preciso esclarecer: uma carreta de cinco eixos, veículo que predomina no transporte de longas distâncias, tem a capacidade de transportar 25 toneladas, podendo levar 4.348 galões de 5 litros do produto, com peso bruto informado de 5,75 quilos. Ao custo informado do produto de R$ 10,07 dará a carga um valor de R$ 43.784,36.

A distância entre São Paulo e Fortaleza é de 3.091 km. Na tabela da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para carga geral, o valor é de R$ 0,88 por eixo. Multiplicado por 5 eixos, teremos R$ 13.600,40. Dividido pelos 4.384 galões, teremos o custo de R$ 3,102 por galão. Bem diferente do valor de R$ 14 informado. Isso significa que o custo do frete tabelado é 22,15% do valor informado na reportagem.

Para o Norte, olhamos o custo para Belém

A distância entre São Paulo e Belém é de 2.908 km. Na tabela da ANTT para carga geral, o valor é de R$ 0,88 por eixo. Multiplicado por 5 eixos e pelos 3.091 km, temos R$ 12.795,20. Este valor dividido pelos 4.384 galões representa o custo de R$ 2,919 por galão, diferente do valor de R$ 14 informado. Ou seja, o custo do frete tabelado é 20,847% do valor informado na reportagem.

Para o Centro Oeste, olhamos o custo para Brasília

A distância entre São Paulo e Brasília é de 1.007 km. Na tabela da ANTT para carga geral, o valor é de R$ 0,92 por eixo. Multiplicado por 5 eixos e pelos 1.007 km, teremos R$ 4.632,20. Este valor dividido pelos 4.384 galões representa o custo de R$ 1,057 por galão, diferente do valor de R$ 14 informado. O custo real do frete tabelado é 7,547% do valor informado na reportagem.

Tabela em vigor

Mais à frente, na mesma reportagem, temos a informação: “Os valores ainda têm de ser estabelecidos e divulgados pela Agência Nacional de Transportes (ANTT)”. Isso não procede, pois a tabela divulgada em 30 de maio de 2018, na Resolução nº 5820, está vigorando conforme disposto na Lei 13.703/18. Cabe às entidades se fazerem representar junto à ANTT para termos uma tabela com menos distorções.

O real problema vem informado na mesma reportagem: “Em dezembro de 2016, o custo de frete por tonelada para distâncias de até 2.400 quilômetros estava em R$ 2.437,416”. Aqui temos a informação de que a remuneração do frete era de R$ 1,016 por quilometro.

Considerando que uma carreta tem consumo médio de 2,5 km/litro de diesel, e o diesel custando R$ 3,265 na bomba em São Paulo, temos o custo com diesel de R$ 1,306. Isso explica a greve dos caminhoneiros. Os compradores de frete estavam pagando menos que o custo variável, motivo pelo qual os caminhoneiros decidiram pela paralisação.

Em momento algum apoiamos a greve, mas defendemos com veemência que não sejam embarcadas cargas que não tenham um preço justo que remunerem todos os custos.

Nosso objetivo é combater as fake news plantadas por quem quer se beneficiar da exploração dos carreteiros.

Vander Costa, vice-presidente da Fetcemg

Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais