Fretes em Minas terão reajuste de cerca de 3%


Alta de 5% no óleo já foi repassada. O reajuste de 5% no preço do diesel nas refinarias, anunciado na noite de terça-feira pela Petrobras, já chegou integralmente às bombas de combustível do Estado, com impactos negativos no setor de transporte de cargas. A expectativa é de que, no máximo em 15 dias, os preços dos fretes aumentem cerca de 3%. Caso a previsão se confirme, no acumulado dos últimos 12 meses o custo do transporte terá registrado alta de 28%, conforme estimativa da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg). Esse é o quarto reajuste seguido do diesel no país, sendo que dois deles ocorreram em 2012 e dois neste ano. Em junho do exercício passado, a alta foi de 4% e em julho de 6%. Já em janeiro de 2013 houve um aumento de 5,4%. A justificativa da estatal para a última elevação é a busca por um alinhamento aos preços praticados no mercado internacional e a redução dos prejuízos na divisão de abastecimento. Na teoria, a promessa das distribuidoras é que os 5% não serão cobrados integralmente dos consumidores finais. Segundo o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), Alísio Vaz, o repasse para as bombas seria mais lento, em decorrência da mistura de 5% de biodiesel ao combustível, o que reduziria um pouco o impacto. Porém, na prática os postos já estão reajustando os preços e no mesmo percentual praticado da refinaria. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Paulo Miranda, explica que os postos que fizeram ontem reposição de diesel já pagaram os novos valores. Por isso, passaram a vender também com a diferença. "Historicamente, temos margens muito apertadas. Não dá para absorver, principalmente quando se tem uma alta tão elevada", justifica. Clientes - O impacto que as transportadoras já começaram a sentir serão percebidos, no máximo, em duas semanas por aqueles que precisam movimentar seus produtos. Conforme o presidente da Fetcemg, Vander Francisco Costa, serão iniciadas nos próximas dias as negociações junto aos clientes, visando uma elevação de 3% no preço do frete. "Temos que repassar porque trabalhamos com uma margem muito baixa. A maior parte das empresas está registrando prejuízo e não conseguimos mais suportar", diz ele. Essa também não é a primeira vez que a tabela de frete é reajustada em Minas Gerais. Além de aumentar nas quatro vezes em que houve alta do diesel, o custo do transporte sofreu interferência de outros fatores, provocando uma elevação acumulada de 28% nos últimos 12 meses, segundo Costa. A mudança na legislação, que reduziu o tempo de permanência dos motoristas ao volante, aumentando a necessidade de mão de obra, aliada à obrigatoriedade do motor Euro 5, movido pelo diesel S50 (50 partes de enxofre por milhão), é a principal explicação para a alta. Segundo o presidente da federação, os setores que mais demandam transporte de cargas no Estado e que, portanto, deverão ser mais impactados são o agronegócio, siderurgia e automobilístico. Agricultura - O coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, explica que a alta no diesel afeta a produção e o consumo. No primeiro caso, o custo da produção se eleva, mas o produtor rural não consegue repassar o valor. "A formação do preço agrícola se dá no mercado. Se o produtor aumenta o preço não consegue vender", afirma. Porém, nas outras fases do processo, que incluem os distribuidores e as redes varejistas, o custo do transporte é agregado ao valor do produto final. Ou seja, o consumidor paga mais. O mesmo ocorre com a indústria do Estado. "O que temos de certeza é que a alta do combustível afeta toda a cadeia, com elevação dos produtos e conseqüente redução da demanda, o que impacta na produção industrial", afirma o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Paulo Casaca.

Fonte: Jornal Diário do Comércio Foto: Alisson J. Silva